Uso de agrotóxicos e risco de suicídio

25/09/2022 15:44

                           

O mês de setembro se tornou um marco para trabalhos de prevenção ao suicídio. Conhecida como Setembro Amarelo, essa campanha alcançou proporções globais e no ano de 2022 adotou o lema “A vida é a melhor escolha!”.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2019 foram registrados mais de 700 mil suicídios a nível mundial e essa quantidade pode ser bem maior, considerando os casos subnotificados.

As causas para chegar ao ato de tirar a própria vida podem ser multifatoriais, mas, em sua maioria, estão vinculados a algum tipo de transtorno mental. O risco está aumentado em pessoas não diagnosticadas ou que não seguem um tratamento adequado. Infelizmente, muitos pacientes com transtornos mentais ainda são estigmatizados e muitos indivíduos afetados acabam não buscando ajuda, seja por receio do julgamento alheio, ou mesmo por não aceitar o diagnóstico e não seguir um tratamento corretamente.

Muitos fatores podem desencadear transtornos mentais, com destaque para fatores genéticos, uso de substâncias, situações familiares, sociais e profissionais e exposição a diferentes contaminantes ambientais. Nesse sentido, o uso de agrotóxicos acende um importante sinal vermelho com relação ao risco de suicídio aumentado. Muitos suicídios são consumados fazendo uso de substâncias exógenas como medicamentos e agrotóxicos, sendo que, beber “venenos” utilizados na agricultura costumam ser um dos métodos recorrentes para atentar contra a própria vida, principalmente entre círculos familiares de agricultores.

O uso de agrotóxicos nos cultivos agrícolas ainda é alarmante, principalmente no Brasil. A exposição a estas substâncias está relacionada a muitos problemas de saúde, incluindo câncer, doenças endócrinas, desordens neurológicas, neuropsiquiátricas e comportamentais. Evidências sugerem que a exposição a agrotóxicos, especialmente os organofosforados, podem impactar diretamente a produção e regulação do neurotransmissor serotonina, presente no sistema nervoso central e com papel crucial em casos de depressão e ansiedade. Sendo assim, os diferentes “venenos” utilizados na agricultura servem, não apenas como um meio de tirar a própria vida, mas também podem atuar como desencadeadores de desregulações mentais graves e, consequentemente, aumento no risco de cometer suicídio.

 

Diga não aos agrotóxicos! Diga sim a vida!

 

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Fonte imagens: https://www.setembroamarelo.com/; https://br.freepik.com/.

 

Referências

 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA – ABP. A campanha Setembro Amarelo® salva vidas! 2022. Acesso em: 22 set 2022. Disponível em: https://www.setembroamarelo.com/.

 

FARIA, N.M.; FASSA, A.G.; MEUCCI R.D. Association between pesticide exposure and suicide rates in Brazil. Neurotoxicology., v. 45, p. 355-62, 2014. doi: 10.1016/j.neuro.2014.05.003.

 

FONSECA, B.; GRIGORI, P.;  LAVOR, T. Depressão e suicídio: 1569 brasileiros se mataram tomando agrotóxicos na última década. 2020. Acesso em: 22 set 2022. Disponível em: https://reporterbrasil.org.br/2020/10/depressao-e-suicidio-1569-brasileiros-se-mataram-tomando-agrotoxicos-na-ultima-decada/#:~:text=Pesticidas%20e%20depress%C3%A3o,m%C3%A9dia%20renda%2C%20como%20o%20Brasil.

 

GONZAGA, C.W.P.; BALDO, M.P.; CALDEIRA, A.P. Exposure to pesticides or agroecological practices: suicidal ideation among peasant farmers in Brazil’s semi-arid region. Cien Saude Colet., v. 26, n. 09, p. 4243-52, 2021. doi: 10.1590/1413-81232021269.09052020.

 

LONDON, L.; FLISHER, A.J.; WESSELING, C.; MERGLER, D.; KROMHOUT, H. Suicide and exposure to organophosphate insecticides: cause or effect? Am J Ind Med., v. 47, n. 04, p. 308-21, 2005. doi: 10.1002/ajim.20147. PMID: 15776467.

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